11/13/2015

                                                       PORTUGAL EM CHAMAS


Era uma manhã solarenga de domingo. Estávamos em fins do mês de Agosto.
Nesse dia, levantei-me um pouco mais tarde que o habitual e como sempre, repeti, o que normalmente faço; Abri a janela do meu quarto e dei uma espreitadela para o exterior. Esfreguei os olhos, meio ensonado, olhando em frente, tentando ver o Sol, que de quando em vez se escondia por intensa fumaçada resultante dos vário incêndios activos na zona. Olhei agora melhor em redor e estremeci inadvertidamente, porque os meus tímpanos haviam captado, o som característico das hélices de um helicóptero. Estranhamente, vieram-me à memória, os velhos tempos da guerra colonial em África. Logo de seguida e como de uma guerra se tratasse, outro barulho ensurdecedor, agora mesmo sobre o telhado da minha residência, a pouquíssimos metros. Identifiquei de imediato o ruído dos aviões e o meu cérebro parecia querer estoirar-me a cabeça, tendo cedido de imediato à primeira reacção instintiva. Olhei em redor, em busca de uma arma para me defender! Esta é uma reacção instintiva, um gesto, que jamais se perderá! Por alguns segundos, que pareceram uma eternidade, senti-me novamente em combate!!
Transtornado, abri a janela de par em par, avistando ainda a cauda dos dois Canadair, que voavam no seu destino e na nobre causa do combate as chamas dos fogos florestais. Fogos medonhos, tantas vezes ateados por mãos criminosas e irresponsáveis.
De seguida almoçamos e resolvemos dar um passeio até à praia. Aí chegados e agora muitíssimo mais calmo, reparamos num grande aglomerado de pessoas, junto à Foz do Rio Mondego. Estacionei o automóvel e desloca -mo-nos a pé para o local, movidos também pela curiosidade, pensando mesmo que alguém se tivera afogado. Ali chegados, fiz de imediato a "leitura" da situação; outros aviões Canadair, abasteciam no Rio, em voos rasantes. Enchiam os depósitos de agua, para tentar combater os incêndios deflagrados na zona da Figueira da Foz. Assistia-se ali a um espectáculo invulgar! Ninguem tinha dúvidas, Portugal estava em chamas à muitos dias! Por todo o lado, do norte ao sul, o fogo devastava milhares e milhares de hectares de floresta e mato, ameaçando as nossas populações, devorando culturas e bastantes habitações. Era o desespero! Esta era para mim, ou é para mim outra "guerra"em muito semelhante aquela que eu já vivi noutros tempos.. Mas o inimigo nesta "guerra,"não tem carabinas, granadas de mão, morteiros ou metralhadoras, mas vai matando cobardemente o nossos soldados da paz, os nossos bombeiros que em todas as épocas de verão, "caminham voluntariamente para a morte"na tentativa de nos salvarem a nós e aos nossos haveres! Todos os anos o flagelo é tal, que todos os dias é o motivo de abertura dos telejornais. Os incendios, o combate às chamas e a perda irreparável de vidas humanas e materiais, são por direito próprio notícias obrigatórias!
E legítimo então perguntar? Até quando a Industria do fogo? Sim. Ninguém pode agora negar que, está instalada em Portugal, a Industria sazonal do fogo. Que tudo indica é para continuar!
Penso que é urgente inverter este ciclo vicioso e perguntar: (Para quando a implantação em Portugal e por todo o país, a implementação das Centrais de Biomassa.) Essas Centrais irão receber e reciclar os resíduos sólidos, transformando-os em materiais de construção e finalmente em fertilizantes naturais. Pergunto também, para quando o emparcelamento das pequenas parcelas florestais. cadastrando-as e encentivando as respectivas limpezas. Para quando pergunto eu, uma nova política de reflorestação, ou seja o plantio nas zonas queimadas de espécies menos resinosas que o pinheiro e o eucalipto. É preciso rapidamente incentivar o plantio por exemplo de: (carvalho francês, alemão ou outras espécies menos resinosas e que serão por certo mais adequadas.)
Porem não é tempo agora para lamentações. Após a tragédia que é de todos conhecida, devemos é refletir sobre o sucedido e ir fazendo desde já as alterações necessárias, para ir acabando com este estado de coisas. Tenho dito!

Nota. Este trabalho foi escrito, no dia 09 de Setembro de 2013.

                                                                                             MÁRIO DE OLIVEIRA

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