11/02/2015



                                                 AS DOCAS DE ALCÂNTARA MAR


Havia milhares nos Bares das Docas, a comer a beber e a dançar. Aspirava-se os cheiros da Marina no ar. Eu tentava penetrar com o olhar, o nevoeiro do amanhecer, estava ali a viver como se fosse a sonhar! Soprava meigamente do Mar, uma brisa teimosa, uma brisa tão fresquinha que nos beijava, beijando também, os que se beijavam a dançar. Vi então, um quarentão oferecer uma rosa, à moça jeitosa que ia a passar! Era notória a confusão, mas com boas maneiras, havia muitos beijos descarados e com muita avidez, comparei as goelas daqueles boémios, aos sulcos das toupeiras. Eles que ingeriam bebidas variadas, com tamanha rapidez. Pouco era o que se me escapava, do que ali se passava e recuei ao tempo duro dos estivadores... Olhei lá para o alto da Ponte sobre o Tejo, onde aquela hora também se trabalhava, ali nas Docas de Alcântara, se comia se bebia se dançava, e se juravam amores. Lá no alto, na Ponte sobre o Tejo, os pontos luminosos eram os soldadores, que iam soldando a Paz o bem-estar e a segurança, eram obreiros na ponte e não estivadores, garantindo assim ao Tejo, a grande Aliança! Olhei o meu relógio, eram já quatro horas da madrugada! Ouviam-se as melodias do samba, num Bar Brasileiro, estava acabada para muitos, mais uma jornada, porque para eles a noite, ia ser o novo dia inteiro. A vida só tem sentido, se vivida de tantas maneiras, porque o amor é imenso, lembrando fonte inesgotável, motivando o Homem a coisas sérias e a brincadeiras, recreando-lhe o Espírito, até ao limite do tolerável!!


Obs.
: Este trabalho foi escrito no Verão de 1996, uma noite nos Bares de Alcântara em Lisboa.

                                                                                         MÁRIO DE OLIVEIRA

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