A DOENÇA DO NOSSO SISTEMA DE SAÚDE
Nos últimos tempos a esta parte, é frequente ouvir nos telejornais e na comunicação em geral, notícias muito desagradáveis, visando culpabilizar o nosso Sistema Social de Saúde, ou seja; "apontando o dedo" às falhas do mesmo.
Não é meu propósito neste artigo de opinião, culpabilizar ou ausentar de culpa, a responsabilidade do nosso Sistema Nacional de Saúde.
Todos os dias se ouvem relatos, da insuficiência dos quadros médicos, de enfermeiros mal pagos, ou de certos medicamentos muitíssimo caros e que não estão ao alcance de muitos doentes. Fala-se também muito das filas de espera nas Urgências dos Hospitais e também se ouvem acusações aos médicos, nomeadamente à sua incompetência nalguns casos pontuais. Em verdade se diga; No meu ponto de vista, o nosso Sistema Nacional de Saúde, está vocacionado quase exclusivamente para a cura de doenças e não para a prevenção das mesmas. Isto leva inevitavelmente à formação de filas de espera, nos Centros de Saúde e nos Serviços de Urgências dos nossos Hospitais. Em suma, há muito afluxo de doentes e todos os meios ao dispor se tornam às vezes insuficientes para dar resposta às situações geradas. É preciso pois ter uma visão mais global, de contornos diferentes de toda a conjuntura Social e neste caso em particular do nosso Sistema Nacional de Saúde.
Quando morre uma pessoa na fila de espera das Urgências de um hospital, torna-se imediatamente fácil, apontar logo um culpado, ou atribuir a responsabilidade a alguém. Quem fica logo na "mira"é o médico ou a equipa de enfermagem daquele complexo hospitalar. Nem sempre é fácil aos médicos darem resposta a todas as situações de emergência e mais difícil se torna, acertarem correta e infalivelmente com um diagnóstico. As pessoas em geral, com défice notório de cidadania, perdoam mais facilmente ao craque de futebol que falha o golo de baliza aberta, do que ao médico. Após qualquer acidente, é muito facil falar dele, fazer conjecturas sobre a sua origem, ou seja explica-lo; mas ninguém foi capaz de o evitar!
As causas deste estado coisas, a meu ver, são muitas: Temos uma população cada vez mais envelhecida, que tem perdido nos últimos anos, muita qualidade de vida, porque as pessoas alimenta-se mal, ou muito mal. Muitas vezes, não é pelo facto das pessoas encherem o estômago, que ficam alimentados. Importa sobretudo, a qualidade daquilo que se come e não a quantidade! Há também pessoas que já não recorrem aos médicos, porque depois não têm dinheiro para os medicamentos. Assim vão definhando, aqueles de menos recursos, com menos poder económico e que são cada vez mais! Estes factores associados às alterações climatéricas sazonais, deixam as pessoas muitíssimo vulneráveis às doenças. Sobretudo aqueles que se encontram mais debilitados!
Em minha modesta opinião, não é apenas o nosso Sistema de Saúde que está doente. Sim, o nosso Sistema Social, está em degradação, sendo necessário um maior equilíbrio das nossas finanças públicas, tendo sempre em conta os governantes como pessoas, mas os governados também o são!!
A falta de qualidade de vida das nossas populações, advém no meu ponto de vista, da perda de rendimentos do cidadão comum em geral. Pode-se com certeza afirmar, que a grande maioria do povo Português vive mal. Muitos milhares há, que vivem abaixo do linear da pobreza. O desemprego, a subida de impostos e o trabalho precário e mal remunerado, tem-se traduzido na grande quebra de rendimentos das pessoas. As mortes que têm acontecido nas filas de espera nos corredores das Urgencias, devem assim, ser entendidas como naturais. Porquê?
Em todo lugar se pode morrer. Morre-se nas estradas, em acidentes estúpidos, nas fábricas, a jogar futebol, a comer à mesa e até na cama. Enfim! a nossa candidatura à morte, começa verdadeiramente quando nascemos. Para terminar, eu direi aquilo que o povo sempre diz!( A morte tem sempre uma desculpa.) Tenho dito.
MÁRIO DE OLIVEIRA
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