LAR DE TERCEIRA IDADE DA EUROPA
Há três décadas atrás, dizia-me assim um amigo em tom de confidencialidade e passo a citar: (nós enquanto portugueses, não temos qualquer expressão a nível da Europa. A pessoa a quem me refiro, é apenas Doutorado em história pela Universidade de Coimbra, tem formação em teatro e outras áreas que lhe enriquecem o curriculum enquanto professor que é. Atualmente a viver na Venezuela continua a estar atento à nossa vida social e politica. Dizia-me ele este verão quando cá esteve de férias e passo a citar: ( a Europa só precisa de nós, para lhes limparmos as praias, cozinharmos boas iguarias, prepararmos bons vinhos, dançarmos para eles, falarmos fluentemente, o inglês, o francês, o alemão e até o chinês.) Fim de citação.
Realmente passados cerca de trinta anos, essa é, a realidade atual de Portugal.
Nos últimos tempos, assistimos a uma nova vaga de emigração no nosso país, resultante da recessão económica e financeira que se instalou devido a má governação. Já nas décadas de sessenta e setenta, tínhamos assistido ao mesmo fenómeno emigratório, mas nesse tempo a emigração era de pessoas não especializadas que iam para os diversos países da Europa, por duas razões, ou para fugir à guerra do Ultramar ou para melhorar os seus níveis de vida e dos seus familiares. Hoje porém, as pessoas que emigram ou que têm emigrado, são na sua maior parte, especializados nas mais diversas áreas, nomeadamente da saúde, de gestão, de marketing, de engenharia mecânica, de engenharia eletrónica ou eletrotécnica, ou ainda engenheiros com formação em Microsoft.
Acontece que, devido às entradas do FMI em Portugal e as várias derrapagens económicas na nossa economia, deixou de haver algum investimento, tendo havido uma retração no nosso sistema económico. Por todas estas razões, os nossos jovens foram praticamente forçados a emigrar! Calcula-se que nos últimos quatro anos saíram de Portugal cerca de 300.000 jovens, na sua maioria especializados, para vários países, sendo o principal a Inglaterra.
Atualmente pode dizer-se que, Portugal está aos poucos a transformar-se num Lar de terceira idade da Europa. Este é um país de velhos, que vão definhando com pequenas reformas que mal dão para se alimentarem. A situação em Portugal é muitíssimo difícil, devido às altas taxas de desemprego, e à ocupação precária agravado com os impostos cada vez mais elevados. A situação está aos poucos a tornar-se insustentável, sendo o futuro cada vez mais uma incógnita.
A Segurança Social, é uma" máquina" pesadíssima, difícil de manter, porquanto não existem em numero suficiente, trabalhadores contributivos, fazedores de riqueza, que possam no futuro constituir e garantir o equilíbrio daqueles que contribuem para os que beneficiam.
Resumindo, a nossa entrada na (Moeda única) e no Mercado Comum Europeu, não nos trouxe muitas vantagens. Senão vejamos: A nossa Sociedade tem-se retraído em termos demográficos, havendo cada vez menos crianças. Por outro lado, as más politicas de governação, têm originado a desertificação de grandes áreas do nosso território, levando as pessoas a concentrarem-se nas grandes cidades.
Por outro lado, investiram-se centenas de milhões de euros, vindos das ajudas Europeias, destinados à formação profissional, superior e média, cujos recursos humanos, voltaram novamente para esses países, agora em forma de mão de obra especializada, os tais emigrantes que estão a criar riqueza nos mesmos países de onde veio o dinheiro. Mas há outros investimentos mal feitos, que são autênticos "elefantes brancos", como sendo a barragem do Alqueva, os Estádios de futebol que agora estão por
aí às "moscas" e muitos outros empreendimentos que foram executados e não geram qualquer riqueza.
Pelas razões elencadas, posso com razão afirmar que, vivo num país de velhinhos, mal governado, que num contexto geral, se assemelha a um Lar de terceira idade ao serviço desta Europa ávida de dinheiro e de conforto, onde os seus abastados idosos vêm usufruir de vantagens nos impostos nomeadamente no IMI. Cada vez me envergonho mais de ser português! Tenho dito.
MÁRIO DE OLIVEIRA
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