A AGRICULTURA NUM PORTUGAL MODERNO
Nos últimos quinze a vinte anos, a agricultura em Portugal, ficou quase reduzida a zero. Só as grandes parcelas de terreno e bem situadas continuaram a produzir algo como alternativa.
Os vinhedos à moda antiga com castas incaracterísticas foram arrancados, em seu lugar foram plantados novos vinhedos, com castas apropriadas, notando-se já, a grande melhoria dos nossos vinhos de mesa, que um pouco por todo o Mundo, ganham medalhas de qualidade. Arrancados foram também, os olivais antigos, cujas variedades não ofereciam a rentabilidade desejada e em seu lugar existem agora novos olivais, com outras características e variedades mais rentáveis que já estão a produzir. As terras, também deixaram de ser rentáveis, devido à concorrência da Espanha, da França, da Alemanha e até da Holanda.
É certo e sabido que, com a nossa entrada no Mercado Comum Europeu, o Estado Português teve que negociar quotas em muitos produtos que estávamos já a produzir em quantidade e qualidade bastante acentuada. Passou-se na agricultura, nas pescas e até na pecuária. Ficamos obrigados e vinculados a receber produtos dos nossos parceiros Europeus e ao aceitar esses convénios, aceitamos também em não poder produzi-los. Porém esses ciclos estão felizmente a chegar ao fim!
O cultivo de beterraba por exemplo, já poderá em breve ser reactivado. A partir de Outubro de 2017, creio que ficamos desvinculados dos cumprimentos das famigeradas quotas, que em certos casos tão mal negociadas foram. A meu ver, a beterraba, pode e deve ser produzida em larga escala e por isso em grandes quantidades, podendo desde logo, criar-se as condições para que seja industrializada, transformando-a em açúcar, já que este produto está a ser por nós importado.
A Associação Nacional de Produtores de beterraba, já está a fazer ensaios, para testar novas variedades, mais produtivas e por isso mais rentáveis. Todos sabemos que Portugal e os Portugueses, têm inevitavelmente sair do actual sufoco, a que os países ricos da Europa nos estão a obrigar. Eles emprestaram-nos dinheiro para a modernização do nosso sistema produtivo e transformador, mas agora e porque não conseguimos cumprir com os prazos, estão a subjugar-nos às suas vontades! A isto eu chamo; chantagem política, económica e psicológica. Tivemos já de recorrer ao F. M. I. e vejam só o que tivemos que passar nestes últimos anos. O desemprego subiu, subiram as importações, desceram as exportações, subiram os impostos e taxas e o nosso Produto Nacional Bruto reduziu.
Temos pois de "pegar o touro pelos cornos". Arregaçar as mangas como diz o Povo e fazer aquilo que os outros não podem fazer por nós! Trabalhar com afinco e inteligência!! É caso para perguntar. Como se faz isto? Temos que recomeçar a produzir os produtos actualmente que antes estávamos a produzir, isto se tivermos mercado de colocação. Também devemos produzir com abundância tudo aquilo que estamos a importar. Tomemos o exemplo de Israel: Há cerca de quarenta anos atrás, este país vendia o vinho ao Povo a quarenta escudos o litro e vendia-o para a exportação, apenas a cinco escudos. Com esta política económica acertada, o Estado fazia a contenção ao consumo de um produto que não é essencial à vida e penetrava nos Mercados concorrenciais com vinho de excelente qualidade e a preços de concorrência.
Toda a gente sabe que não temos lençóis de petróleo para explorar, mas existem alternativas, para superarmos em grande medida as nossas necessidades energéticas. Dominamos a tecnologia foto-voltaica, a eólica e podemos ir buscar muita energia à nossa imensa Região Litoral. A energia Solar, é de tal maneira importante, que muitos países da Europa não se importariam de a ter e Portugal não está a utiliza-la suficientemente bem. Numa entrevista televisiva que dei em 2007, eu chamei a atenção ao governo que ia entrar em funções. Atenção à energia Solar que precisa ser rentabilizada. Mas é como disse hoje o Sr. Presidente da República. O mal não está no Povo e sim nas elites.
Também a Indústria do Turismo, que está ligada ao Sol, não está a ter a rentabilidade desejada! Aconselho o governo a fazer uma viagem ao Rio Grande do Sul no Brasil, nomeadamente à Cidade de Gramado e a outras em redor. Ali aprenderão como é o turismo rentável. (Pacotes de viagens baratas) e o resto sabem eles fazer com mestria.
No meu entendimento, é importante pôr a agricultura a funcionar, em princípio para a satisfação do Mercado interno. As imensas terras alentejanas, a jusante da Barragem do Alqueva, a lezíria do Vale do Tejo e outras Regiões de latifúndio, podem e devem ser utilizadas, rentabilizadas, para o cultivo de beterraba, melão, melancia, hortícolas, diversos e ainda o cultivo de papoila e bróculo. A papoila para exportação, destinada aos grandes Laboratórios da Europa, a fim de extrair medicamentos e o bróculo para a extracção de óleo, que e deve ser adicionado ao azeite e deve entrar na alimentação humana. Este ultimo, um reconhecido anti-cancerígeno. Mas pode-se produzir muito mais, como ervas aromáticas, frutos secos que é o caso da amêndoa, o pinhão, o girassol, o milho e o arroz. Enfim eu digo e afirmo que é possível sair do sufoco económico a médio prazo.
Estou a escrever especialmente para os nossos jovens empreendedores, com formação no sector Agrário e também vocacionados para o trabalho e para o lucro. Porém o Estado tem um papel muito importante, como catalisador das pequenas e médias Empresas, que a existirem, terão de ser orientadas e devidamente fiscalizadas!! Tenho dito.
MÁRIO DE OLIVEIRA
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