12/27/2015

                                                     PORTUGAL DESGOVERNADO

É frequente ouvirmos na Comunicação Social, que cada povo tem o governo que merece. Permitam-me que discorde deste princípio. Eu penso que os portugueses nunca tiveram governos à altura dos acontecimentos.
Antes de "estalar a guerra em África", os Movimentos de Libertação na altura organizados, a ( FRELIMO, o MPLA e o PAIGC ) De Moçambique, Angola da Guiné e Cabo Verde respectivamente, tentaram pela via do diálogo, uma auto-determinação que lhes foi sempre negada. Essa falta de bom senso, que deve ser vista como uma falha de governação, deu origem aquilo que todos nós conhecemos! Uma guerra de guerrilha que se arrastou durante vários anos, mais de uma década, que desgastou a nossa economia, tendo ainda resultado desse conflito; centenas de mortes em combate e fora dele em acidentes diversos, e ainda milhares de deficientes que ainda hoje sofrem, eles e as suas famílias.
Mas voltemos um pouco atrás à governação de António Oliveira Salazar. Este homem natural de Santa Comba Dão, dotado de uma formação superior em Economia, governou Portugal com "punho de ferro", tendo livrado o nosso povo da 2ª guerra Mundial, não nos livrando da fome. Foi assim que Salazar conseguiu uma enorme fortuna, vendendo aos beligerantes, tantos aos aliados como Alemães, milhares de toneladas de cereais e conservas, para alimentar os exércitos.
Este modelo de governação posto em prática por Oliveira Salazar, cuja dualidade de interesses, deu origem à especulação económica e financeira, tendo desta maneira enchido os cofres do Estado, com dezenas de toneladas de barras de ouro.
A partir da morte de Salazar e do afastamento do poder do Professor Marcelo Caetano, pelo golpe de Estado do dia 25 de Abril de 1974, abriu-se um novo ciclo da vida Nacional. A tão falada Revolução dos cravos, viria a dar origem à perseguição de alguns poderosos que não vou aqui mencionar por serem bastantes, mas lembro-me do Grupo Champalimout, dos Soutto Mayor e outros. Porém, este novo ciclo trouxe os novos ricos, entres eles; Belmiro de Azevedo, Soares da Costa, Grupo Amorim e outros. Supostamente estes grandes Grupos Económicos arbitrados pelo Estado, seriam à partida geradores de riqueza, garantindo postos de trabalho. Como se explica então que o ouro amealhado durante 29 anos, tenha sido literalmente dizimado, numa sucessão de governos nestes últimos 41 anos? Pode mesmo afirmar-se sem margem de erro, que as últimas quatro décadas de governação foram de gestão danosa.
As más governações continuaram, até mesmo nas negociações das quotas, a quando da nossa entrada
no Mercado Comum Europeu. Aceitamos tudo aquilo que os parceiros da Europa nos impuseram, numa atitude de subserviência. Aceitamos as indústrias que eles não queriam nos seus países, nomeadamente as mais poluentes. Como sendo as de produtos químicos e até a incenaração de produtos hospitalares e farmacêuticos e outros resíduos perigosos. As Industrias da pasta de papel, localizadas em vários pontos do país, assim como as indústrias de curtumes de peles. Aceitamos também o plantio de milhões de hectares de eucaliptos, mesmo sabendo que essa famigerada acácia "bebe diariamente" centenas de milhares de hectolitros de agua dos subsolos, que vão aos poucos acabando com os nossos lençóis freáticos. Recebemos da Comunidade Europeia, fundos na ordem dos 50 mil milhões de euros desde o dia 12 de Junho de 1985 em que Mário Soares assinou o tratado de adesão juntamente com a Espanha. Tem sido tanto o dinheiro a entrar no país, que os sucessivos governos, não têm conseguido fazer projectos atempadamente, sendo esses fundos devolvidos por não terem sido aplicados.
O P.O.P.H. ao serviço da Educação e Formação Profissional, pôs em marcha em Portugal, um vasto conjunto de Cursos Profissionais, que na prática poucos resultados o país tirou. Formaram-se nas nossas Universidades e outras Escolas de formação profissional, milhares de jovens que depois de formados, foram para vários países da Europa. Afinal nós recebemos os subsídios, mas eles voltaram ao lugar de origem, em forma de mão de obra  especializada. Com a agravante que, grande parte desses jovens, irão fixar-se nesses países e ali constituirão família e raízes. Conclusão e resumo, Portugal não perdeu apenas o capital económico e financeiro, como perdeu também o capital humano. Os médicos, os enfermeiros, os técnicos superiores de farmácia, os engenheiros mecânicos e electrotécnicos. Enfim, uma quantidade imensa de quadros técnicos, que não fomos capazes de segurar no nosso país, por culpa do nosso colapso económico e financeiro. Tudo isto devido a muito má governação. Construíram-se em  Portugal muitos Estádios de futebol, que agora estão "por aí às moscas" e que custaram milhões e milhões de euros.
Eu pergunto, onde estão as tão desejadas Centrais de Biomassa? Essas unidades Industriais transformadoras de resíduos sólidos? Onde estão as Centrais Foto voltaicas geradoras de energia eléctrica que só conheço uma em Amarleja no Alentejo?
Na verdade vos digo; Não temos políticos à altura deste povo laborioso. Os Portugueses são bons trabalhadores e preferidos em todo o lado onde chegam.
Em meia dúzia de anos faliram em Portugal dois Bancos importantes. Os governos e o Banco de Portugal," põem-se a assobiar para o lado". De repente os contribuintes portugueses, acordam de manhã com mais uma dívida que nunca contraíram. O meu filho, que tem apenas seis anos, está a ficar endividado e vai ter de pagar essa dívida que nunca fez. Não dá para entender, quando os Bancos têm lucros, não chamam o povo para a distribuição dos dividendos. Afinal onde está o dinheiro do BES e do BANIF? Oiço falar em 12 mil milhões de euros. Os nossos governantes não vêm que este estado de coisas vai pondo o nosso país na ruína?
Com estas políticas a continuarem, Portugal está a ser empurrado para um "buraco"negro. No futuro iremos assistir inevitavelmente ao colapso dessa grande "máquina" chamada Segurança Social. Se entretanto não for incentivada a natalidade, a criação de novos postos de trabalho, baseados no incentivo à criação de novas pequenas e médias Empresas, os nossos jovens continuarão a procurar vida noutras paragens da Europa.
Além disso, os nossos governantes continuam a fazer leis "em cima do joelho". Fecham Escolas nos meios rurais, "empurrando" as pessoas para os meios urbanos. Porque ao fecharem Escolas com menos de vinte alunos, estão a" empurra-los" a eles e às famílias para centros urbanos mais populosos.
Para terminar vou-me referir agora à Barragem do Alqueva, que seguramente é uma das maiores da Europa, senão mesmo a maior. A sua construção teve por objectivo também a irrigação de todo o Alentejo a jusante da mesma. Pergunto eu, regar o quê? Tive conhecimento que neste último verão a agua do Alqueva serviu para regar eucaliptos.
Para terminar, porque já são 01h15 desta manhã do dia 28 de Dezembro, pergunto: Quando daqui a umas horas, nascer o primeiro bebé do ano de 2016, em quanto é que ele já vem endividado? Tenho dito, 

                                                                                                        MÁRIO DE OLIVEIRA

 

 

 

 

 

 

 



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