12/27/2015

                                                     PORTUGAL DESGOVERNADO

É frequente ouvirmos na Comunicação Social, que cada povo tem o governo que merece. Permitam-me que discorde deste princípio. Eu penso que os portugueses nunca tiveram governos à altura dos acontecimentos.
Antes de "estalar a guerra em África", os Movimentos de Libertação na altura organizados, a ( FRELIMO, o MPLA e o PAIGC ) De Moçambique, Angola da Guiné e Cabo Verde respectivamente, tentaram pela via do diálogo, uma auto-determinação que lhes foi sempre negada. Essa falta de bom senso, que deve ser vista como uma falha de governação, deu origem aquilo que todos nós conhecemos! Uma guerra de guerrilha que se arrastou durante vários anos, mais de uma década, que desgastou a nossa economia, tendo ainda resultado desse conflito; centenas de mortes em combate e fora dele em acidentes diversos, e ainda milhares de deficientes que ainda hoje sofrem, eles e as suas famílias.
Mas voltemos um pouco atrás à governação de António Oliveira Salazar. Este homem natural de Santa Comba Dão, dotado de uma formação superior em Economia, governou Portugal com "punho de ferro", tendo livrado o nosso povo da 2ª guerra Mundial, não nos livrando da fome. Foi assim que Salazar conseguiu uma enorme fortuna, vendendo aos beligerantes, tantos aos aliados como Alemães, milhares de toneladas de cereais e conservas, para alimentar os exércitos.
Este modelo de governação posto em prática por Oliveira Salazar, cuja dualidade de interesses, deu origem à especulação económica e financeira, tendo desta maneira enchido os cofres do Estado, com dezenas de toneladas de barras de ouro.
A partir da morte de Salazar e do afastamento do poder do Professor Marcelo Caetano, pelo golpe de Estado do dia 25 de Abril de 1974, abriu-se um novo ciclo da vida Nacional. A tão falada Revolução dos cravos, viria a dar origem à perseguição de alguns poderosos que não vou aqui mencionar por serem bastantes, mas lembro-me do Grupo Champalimout, dos Soutto Mayor e outros. Porém, este novo ciclo trouxe os novos ricos, entres eles; Belmiro de Azevedo, Soares da Costa, Grupo Amorim e outros. Supostamente estes grandes Grupos Económicos arbitrados pelo Estado, seriam à partida geradores de riqueza, garantindo postos de trabalho. Como se explica então que o ouro amealhado durante 29 anos, tenha sido literalmente dizimado, numa sucessão de governos nestes últimos 41 anos? Pode mesmo afirmar-se sem margem de erro, que as últimas quatro décadas de governação foram de gestão danosa.
As más governações continuaram, até mesmo nas negociações das quotas, a quando da nossa entrada
no Mercado Comum Europeu. Aceitamos tudo aquilo que os parceiros da Europa nos impuseram, numa atitude de subserviência. Aceitamos as indústrias que eles não queriam nos seus países, nomeadamente as mais poluentes. Como sendo as de produtos químicos e até a incenaração de produtos hospitalares e farmacêuticos e outros resíduos perigosos. As Industrias da pasta de papel, localizadas em vários pontos do país, assim como as indústrias de curtumes de peles. Aceitamos também o plantio de milhões de hectares de eucaliptos, mesmo sabendo que essa famigerada acácia "bebe diariamente" centenas de milhares de hectolitros de agua dos subsolos, que vão aos poucos acabando com os nossos lençóis freáticos. Recebemos da Comunidade Europeia, fundos na ordem dos 50 mil milhões de euros desde o dia 12 de Junho de 1985 em que Mário Soares assinou o tratado de adesão juntamente com a Espanha. Tem sido tanto o dinheiro a entrar no país, que os sucessivos governos, não têm conseguido fazer projectos atempadamente, sendo esses fundos devolvidos por não terem sido aplicados.
O P.O.P.H. ao serviço da Educação e Formação Profissional, pôs em marcha em Portugal, um vasto conjunto de Cursos Profissionais, que na prática poucos resultados o país tirou. Formaram-se nas nossas Universidades e outras Escolas de formação profissional, milhares de jovens que depois de formados, foram para vários países da Europa. Afinal nós recebemos os subsídios, mas eles voltaram ao lugar de origem, em forma de mão de obra  especializada. Com a agravante que, grande parte desses jovens, irão fixar-se nesses países e ali constituirão família e raízes. Conclusão e resumo, Portugal não perdeu apenas o capital económico e financeiro, como perdeu também o capital humano. Os médicos, os enfermeiros, os técnicos superiores de farmácia, os engenheiros mecânicos e electrotécnicos. Enfim, uma quantidade imensa de quadros técnicos, que não fomos capazes de segurar no nosso país, por culpa do nosso colapso económico e financeiro. Tudo isto devido a muito má governação. Construíram-se em  Portugal muitos Estádios de futebol, que agora estão "por aí às moscas" e que custaram milhões e milhões de euros.
Eu pergunto, onde estão as tão desejadas Centrais de Biomassa? Essas unidades Industriais transformadoras de resíduos sólidos? Onde estão as Centrais Foto voltaicas geradoras de energia eléctrica que só conheço uma em Amarleja no Alentejo?
Na verdade vos digo; Não temos políticos à altura deste povo laborioso. Os Portugueses são bons trabalhadores e preferidos em todo o lado onde chegam.
Em meia dúzia de anos faliram em Portugal dois Bancos importantes. Os governos e o Banco de Portugal," põem-se a assobiar para o lado". De repente os contribuintes portugueses, acordam de manhã com mais uma dívida que nunca contraíram. O meu filho, que tem apenas seis anos, está a ficar endividado e vai ter de pagar essa dívida que nunca fez. Não dá para entender, quando os Bancos têm lucros, não chamam o povo para a distribuição dos dividendos. Afinal onde está o dinheiro do BES e do BANIF? Oiço falar em 12 mil milhões de euros. Os nossos governantes não vêm que este estado de coisas vai pondo o nosso país na ruína?
Com estas políticas a continuarem, Portugal está a ser empurrado para um "buraco"negro. No futuro iremos assistir inevitavelmente ao colapso dessa grande "máquina" chamada Segurança Social. Se entretanto não for incentivada a natalidade, a criação de novos postos de trabalho, baseados no incentivo à criação de novas pequenas e médias Empresas, os nossos jovens continuarão a procurar vida noutras paragens da Europa.
Além disso, os nossos governantes continuam a fazer leis "em cima do joelho". Fecham Escolas nos meios rurais, "empurrando" as pessoas para os meios urbanos. Porque ao fecharem Escolas com menos de vinte alunos, estão a" empurra-los" a eles e às famílias para centros urbanos mais populosos.
Para terminar vou-me referir agora à Barragem do Alqueva, que seguramente é uma das maiores da Europa, senão mesmo a maior. A sua construção teve por objectivo também a irrigação de todo o Alentejo a jusante da mesma. Pergunto eu, regar o quê? Tive conhecimento que neste último verão a agua do Alqueva serviu para regar eucaliptos.
Para terminar, porque já são 01h15 desta manhã do dia 28 de Dezembro, pergunto: Quando daqui a umas horas, nascer o primeiro bebé do ano de 2016, em quanto é que ele já vem endividado? Tenho dito, 

                                                                                                        MÁRIO DE OLIVEIRA

 

 

 

 

 

 

 



12/21/2015




                                       ENTRE OS POVOS NÃO HÁ CONTRADIÇÕES


Sinto muitas recordações de África, mais concretamente de Moçambique. Recordo-me essencialmente das muitas amizades que lá deixei. Da maneira humilde, como eu era tratado e respeitado.
Ainda me lembro bem, das centenas de partos que fui "obrigado a fazer" pela força das circunstancias. Por não haver ninguém especializado para o efeito. Embora eu não seja obstetra, mas eu fui chamado a acudir aquela gente. Após a Independência de Moçambique, as populações ao redor da nossa Empresa ficaram literalmente sem assistência médica e medicamentosa. Eu na ausência de médicos e enfermeiros, senti-me na obrigação de assistir e medicar milhares de mulheres, homens e crianças. Era de mim que os autóctones se socorriam, por não terem mais ninguém com capacidades a quem recorrer.
O que mais me sensibilizou naquelas gentes, foi o seu sentido de reconhecimento e de justiça! Eles traduziam esses sentimentos, fazendo a partilha. Partilhavam com gosto, humildade e prazer o pouco que tinham e gostavam que eu aceitasse o que me davam. Ofereciam-me pequenos animais, frutas regionais, citrinos e até cereais. Eu sempre aceitei, porque o prazer de dar, é sempre igual ao prazer de receber.
Poderei contar muitas estórias vividas na primeira pessoa. Estórias que por si só, dizem bem da riqueza daqueles Povos. Contarei apenas aqui um episódio que demonstrará bem, a bondade e a reciprocidade que eu recebia daquelas gentes: Certa noite, lembro-me como se fosse hoje. Era sábado. Como de costume fomos ao cinema no Pavilhão do Ferroviário, no pequeno burgo de Iapala,
que distava a cerca quarenta quilómetros de Nagiua a Povoação onde vivíamos e onde estava situada a nossa Empresa. Durante  a sessão de cinema, choveu torrencialmente, mais parecendo um dilúvio. Era o tempo das monções. Durante cerca de três horas, choveram dezenas de centímetros cúbicos por metro quadrado. Choveu tanto que todos os rios daquela zona transbordaram para as margens.
A cerca de um quilometro da nossa Empresa, portanto já a chegarmos de regresso a casa, constatamos que também a agua do Rio Nagiua, era tanta, que passava sobre a ponte, cujo tabuleiro era feito de travessas de madeira, do género das que eram aplicadas sob os carris dos caminhos de ferro. Porque eu não conseguia ver a ponte por causa de tanta agua que passava sobre ela, resolvi arriscar, orientando-me pela outra margem e pela estrada. Assim fui andando devagarinho, na esperança que todas as travessas do tabuleiro lá estivessem. Porém, tal não aconteceu. Quando chegado mais ou menos ao meio do dito tabuleiro, as rodas da frente caíram em falso ficando a viatura suspensa na blindagem, de tal maneira que tivemos de abrir as portas para a agua da enxurrada passar através dos lugares da frente.
Deixei então, porque assim me impuseram, serem aqueles homens a quem eu dera boleia e pagara múltiplas vezes as entradas para o cinema, a decidirem aquela situação deveras difícil e muito perigosa! Lembro-me que eles deram alguns gritos, na sua linguagem, em jeito de SOS. No espaço de cerca de quinze minutos apenas, juntaram-se várias centenas de populares, para me ajudarem. Para nos ajudarem, porque dentro daquela viatura que balançava devido à forte força das aguas, estavam também a minha esposa e os meus filhos.
Enquanto alguns homens foram rio abaixo na busca das travessas que tinham sido levadas pela agua, pondo-as no lugar, outros ao som de um canto ritmado, levantaram toda a frente da viatura que dali saiu salvando-nos de uma morte quase certa.
Esta é apenas uma estória exemplar que eu já contei inúmeras vezes, que irei continuar a contar, mas que já tinha prometido a mim próprio escrever. Hoje, talvez tocada pelo Espírito Natalício apetece-me enviar daqui um abraço a todos os Povos Africanos, especialmente aqueles que sofrem os horrores do racismo e da fome.
Aqui deixo o meu bem-haja às gentes Macuas, que sempre me respeitaram e estimaram. Ali a duzentos quilómetros de Nampula, vivi cerca de dezasseis anos, seis dos quais após a Independência de Moçambique. Em suma: para terminar direi apenas; (Estimei e fui estimado. Respeitei e fui respeitado!!) Tenho dito,

                                                                                     MÁRIO DE OLIVEIRA

12/18/2015




                                             DOIS HOMENS QUE UMA ESTÓRIA UNIU



Pelo relato que ouvi do próprio, ou seja na primeira pessoa, esta, é uma estória que ocorreu no verão de 1943, em plena segunda guerra Mundial.
Um jovem português, viajava de Inglaterra para a República Popular da China, mais concretamente da Cidade de Londres, para a Cidade de Xangai. Don Carlos da Costa Roque, assim se chamava o jovem jornalista fotográfico, ainda no começo da sua vida profissional. Costa Roque foi entre muitos o escolhido, para fazer a cobertura jornalística e fotográfica para a BBC de Londres. Viajou de avião até Pequim e depois continuou de comboio até Xangai.
A estória a que me vou reportar, reveste-se de um enorme paradigma e de um potencial imenso de humanismo e de um sentido enorme de Cidadania. Razão pela qual, não resisto a conta-la e a descreve-la tal qual ma descreveu Don Carlos da Costa Roque e passo a citar: Don Carlos no meio de "um mar de gente"na Estação Ferroviária de Pequim, entrou com dificuldade na carruagem nove daquele comboio que o iria levar a Xangai. Aquela carruagem estava a abarrotar. O barulho era ensurdecedor à mistura com os odores corporais, numa mescla de dialectos, de raças e de extractos sociais. Muitos populares, comerciantes, militares, políticos e outros. Prosseguindo, a narração, foi Costa Roque um dos protagonistas principais da referida estória, ao relacionar-se e fazendo mesmo amizade com um "Judeu" um dos passageiros companheiro de viagem de nome Abby, tambem ele viajava na carruagem nove com o mesmo destino, Xangai.
Após algumas horas de conversa, Abby terá prevenido o jovem jornalista português que tivesse muito cuidado com o dinheiro, se o levava consigo, já que naquele comboio, que ele tão bem conhecia de outras viagens, era habitual nele viajarem também muitos carteiristas. Don Carlos ficou algo receoso e  apreensivo, porque o dinheiro que levava consigo na algibeira, não lhe pertencia. Realmente Don Carlos, a determinada altura da viagem, pensando nas palavras de Abby, precaveu-se dos carteiristas, retirando os fósforos de uma enorme caixa, que naquele tempo era muito usada, pondo dentro dela um enorme maço de notas, que na totalidade ascendia a mais de 30.000 libras. Este dinheiro tinha-lhe sido entregue pela BBC, destinado às múltiplas despesas inerentes à sua viagem de trabalho, naquela deslocação que iria ter cerca de um mês de duração.
O calor intenso e a enorme humidade concentrada dentro daquela carruagem, onde as pessoas se acotovelavam umas às outras , deixava qualquer dos passageiros impacientes, nervosos e instáveis, tanto mais que o barulho era ensurdecedor!
Em determinado momento, o jovem jornalista Don Carlos, sacando de um charuto que tanto apreciava, meteu-o nos lábios, com gestos mecanizados próprios dos fumadores e de imediato apalpou os bolsos, pegando na caixa de fósforos, abanou-a e como esta ao ser agitada parecia estar vazia, projectou-a literalmente para fora do comboio, pela enorme janela sem vidros. Ainda caixa com dinheiro ia no ar, quando o jovem jornalista percebeu, já sem remédio, que tinha atirado fora pela janela daquele comboio, uma pequena fortuna. Pior que isso, foi o facto de ter ficado, sem uma única moeda no bolso para comprar um pão. Don Carlos da Costa Roque, encontrava-se agora na situação mais difícil da sua vida. Dentro daquele comboio barulhento, numa terra hostil sem conhecer ninguém, acabava de perder uma elevada quantia em dinheiro que ainda por cima não lhe pertencia!
Porque os homens também choram, Don Carlos chorou copiosamente, chorou agarrado aquela janela, daquele maldito comboio que cada vez se afastava mais, como que fugindo daquela paisagem que agora lhe parecia infernal! A angústia que dele se apoderou foi tanta, que debruçado sobre aquela janela, sabia bem que aqueles soluços, não tinham o poder de parar aquela composição. Os "gritos" lancinantes daquela locomotiva, misturavam-se com os soluços de Don Carlos, que perdera de forma estúpida vários meses do seu salário.
Passadas largas horas Don Carlos e Abby desembarcavam em Xangai. Foi então que o comerciante "Judeu" Sr. Abby se abeirou de Don Carlos e lhe perguntou qual a quantia que ele tinha perdido naquele seu acto irreflectido: Surpreendentemente, o abastado comerciante, Sr. Abby, abrindo a sua maleta, entregou as 30.000 libras ao jovem jornalista Don Carlos da Costa Roque, que nem queria acreditar em tão nobre e inesperada acção e naquilo que os seus olhos estavam agora a ver!
O jovem jornalista, agradeceu sensibilizado ao abastado comerciante "Judeu"que nunca mais encontrou na vida, mas de quem ficou amigo e grato para a vida inteira.
Muitas cartas escreveu a ao Sr. Abby, para a direcção que este lhe dera, mas nunca obteve qualquer resposta. Acabo de relatar na integra uma estória que uniu dois homens. Uma estória maravilhosa que um dia me foi contada pelo próprio Don Carlos, com as lágrimas a rolarem-lhe nas faces. Aqui deixo a estória que prometi reproduzir, um exemplo de vida, de dois homens oriundos de lugares diferentes do Universo, que Deus quis unir naquele dia pelos laços do amor Universal!!
Acabo de escrever uma estória verídica, passada na República Popular da China, entre um comerciante "Judeu"chamado Abby e um jovem português que se chamou Don Carlos da Costa Roque. Don Carlos viveu e leccionou na Cidade de Pombal, homem muito culto e poliglota de quem guardo muitas e boas recordações. Que a sua Alma descanse em Paz!!

                                                                                                      MÁRIO DE OLIVEIRA

12/15/2015




                                    RECORDAÇÕES DE D.CARLOS DA COSTA ROQUE



Era magro e franzino. Trajava com vulgaridade, com roupas simples e coçadas, não abdicando da velhinha boina de pala.
Entrava no Café da nossa Cidade, todos os dias. (Parece que estou a vê-lo, caminhando com dificuldade, junto ao Convento do Cardal, encostado à velha bengala que foi forçado a usar, depois das múltiplas agressões de que foi vítima, por radicais esquerdistas.) Quando ele passava e onde ele entrava, tudo ficava " impregnado de cultura."!
O que mais caracterizava a sua personalidade, ou melhor, o seu (carisma), era a venda preta que lhe tapava uma das vistas, resultado visível das agressões barbaras de que foi vítima e fazia lembrar por semelhança física, o grande poeta Luís Vaz de Camões.
Don Carlos, assim era a sua alcunha, que perdurará pelos tempos, assim eu acredito, porque os grandes homens nunca morrem. Amado por muitos, odiado por outros, acabou por morrer quase à mingua, habitando num espaço exíguo num Bairro Social da nossa Cidade, rodeado de enciclopédias e rimas de livros de grande valor literário. Don Carlos enquanto viveu, era amigo do seu amigo e meu amigo também! Recordo hoje com saudade, as muitas horas de frutuosas conversas, cujos conteúdos eram riquíssimos. Ele era economicamente muito pobre, mas dotado de uma riqueza intrínseca a outros níveis, salientando a parte cultural que era de uma riqueza incalculável. Poliglota, falava e escrevia fluentemente inglês, francês, alemão, russo e chinês, (mandarim). Tinha formação em jornalismo, tendo sido correspondente da BBC em Londres, fez muitas coberturas jornalísticas na 2ª guerra Mundial em diversos países abrangidos pelo conflito de então.
Don Carlos, foi ainda Secretário na Embaixada de Portugal em Londres, Inglaterra, no Governo de António Oliveira Salazar.
Em muitas coisas os nossos gostos eram parecidos, os nossos pensamentos eram quase iguais, apenas nos distanciávamos nas questões políticas, ou seja nas convicções. Don Carlos tinha um forte sentido crítico, era grande admirador dos meus escritos, nomeadamente das minhas Obras em poesia. A nossa maior incompatibilidade residia no facto dele ser um grande saudosista de Salazar, a quem serviu com todo o zelo e lealdade. Fora isso, recordar-me-ei para sempre, da sua postura de homem sério, de fortes convicções e avalizado de grandes valores humanos. Autor de várias obras literárias, ou artigos de opinião e fotografia, editados nos Jornais de Pombal, merecia no meu entender, um reconhecimento póstumo da nossa Autarquia.
Don Carlos, desapareceu de entre nós, porque o seu corpo acabou por claudicar, devido ao desgaste que a vida lhe causou, assim como acontece com todos nós humanos, mas ele ficará para sempre na nossa lembrança, digo na lembrança de muitos e muitos pombalenses.
Ficará para a posteridade, a figura franzina de boina de pala, pala preta sobre um olho, bengala e livros sempre debaixo do braço. Finalizo dizendo; que Don Carlos sucumbiu ao peso dos anos, mas o seu Espírito está e estará sempre vivo na minha memória e de uma grande maioria dos pombalenses. Tenho dito!

                                                                                                 MÁRIO DE OLIVEIRA

12/12/2015

                                                                  

                                                   O HOMEM E A ESPIRITUALIDADE



Há muitos e muitos anos, diria mesmo, há muitos séculos atrás, os homens começaram a perceber, serem eles, os inimigos de si próprios. Foi assim que sentiram a necessidade de se unirem, criando e formando religiões. Assim, agremiando-se em torno de uma determinada religião, supostamente era mais fácil humanizar o seu semelhante que praticava crimes bárbaros incluindo a prática do canibalismo.
Foi assim desta forma que começaram a unir-se, criando e formando as mais diversas religiões. Ou seja, agremiando-se de forma a humanizar as pessoas, que eram autênticos buçais, praticando mesmo o canibalismo. Foi assim desta maneira que edificaram doutrinas e filosofias de grupos, tendentes a protegerem-se de inimigos visíveis ou invisíveis. Os homens criaram também, ídolos divindades e símbolos, ao ponto de mentalizarem e doutrinarem seguidores a oferecerem as suas próprias vidas, em troca de valores meramente abstractos e fundamentalistas.
Deus, que é um Ser de Luz, um Ser bom e misericordioso, tolerante, sempre pronto a perdoar-nos, quando criou o Universo, ou seja a Natureza, Ele disse ao Homem: (Dou-te o livre arbítrio) ou seja a Liberdade total e absoluta. Para fazer ou não fazer! É assim que o Homem ao realizar obras construtivas, dentro dos parâmetros Divinos, está a fazer a grande (Caminhada ao encontro de Deus!)
A Bíblia Sagrada, deve ser a (Pedra basilar) que, deve sempre nortear o Ser Humano! Os governos das Nações devem instituir nas escolas o conhecimento da Bíblia Sagrada, como a "ferramenta das ferramentas", sendo Ela, tanto ou mais importante que a matemática ou outra disciplina qualquer.
O Homem precisa urgentemente de ser orientado para valores Espirituais, pelo que deve procurar as suas ( verdadeiras raízes) baseando a sua postura no Planeta, na Fé inquebrável em Deus Pai Filho e Espírito Santo! Infelizmente, muitos homens há, que desconhecem ou parece desconhecerem estes valores de que falo e vão semeando todos os dias a discórdia e a violência em nome de um Deus que é só deles! Basta olhar para a actualidade, ou para um passado ainda recente, para as guerras fratricidas entre religiões, que levam e têm levado a desgraça e a morte meramente gratuita a milhares e milhares de Seres Humanos.
É neste contexto que eu veementemente acredito e afirmo: ( O Ser Humano está a precisar de ter Fé!)
Fé em Deus Uno e indivisível e não de religiões. É no mínimo caricato e igoista, os homens matarem-se estupidamente, usando as religiões, para conseguirem abusivamente certos intentos inconfessáveis. Os políticos, chegam ao ponto de mandarem benzer os exércitos, como que homologando-os para de seguida irem matar inocentes.
Eu penso que, se não houver muito rapidamente uma outra dinâmica Social, com outros valores, onde a Fé seja a principal motivação, baseada no Livro dos Livros, a Bíblia Sagrada, o Homem está cada vez mais a afastar-se dos dsignios Divinos, ou seja, cada vez mais longe de Deus!!
Certo dia em África, um grupo de homens crentes em Deus, acabados de sair de uma reunião política, onde lhes tinham negado a existência de Deus, perguntaram-me se Ele existia realmente! Tive de imediato uma resposta inspirada, que vou citar: (Deus existe para quem acredita Nele!!)


                                                                                                  MÁRIO DE OLIVEIRA
                                               

                                                               O TRABALHO


Há quem afirme que o trabalho dignifica o Homem. Diz-se também, que trabalhar significa agir de acordo com a dinâmica Universal, ou seja; tudo se movimenta, se interliga, servindo e servindo-se, desde as Estrelas aos Átomos. Há mesmo quem defenda, que não se deve lamentar, o trabalho que ainda há para fazer e sim realiza-lo, na maior perfeição possível, dando tudo de si próprio, tanto na quantidade como na qualidade.
Segundo alguns filósofos, esse comportamento atrai os benefícios da vida, trazendo ao Homem saúde bem-estar e felicidade. Porém outros há que pensam e afirmam mesmo, ser (o trabalho uma forma de castigo, tendo o Homem nascido para ser feliz.) Eu porém penso, que devemos cumprir fielmente, com as nossas obrigações, sejam elas de carácter laboral, ou contratual e até nas meras relações inter- pessoais. Só assim nesta conjugação de esforços e de valores, estaremos perfeitamente sintonizados com a Natureza no seu todo! Numa visão coerente, de acordo com os valores convencionados; quem trabalha serve e é servido, conquistando assim legitimamente a paz de consciência!!

                                                                                                           MÁRIO DE OLIVEIRA