3/05/2019

                                                       RACISMO  E  PRECONCEITO



Há dias, ao ler um jornal diário de grande tiragem no nosso país, li a seguinte afirmação, num pequeno artigo de opinião, que me surpreendeu e passo a citar; ( portugueses são racistas. ) Este foi o titulo escolhido por um Sr. que diz chamar-se JOSÉ  COSTA, oriundo de Valongo.
Textualmente o referido individuo, dizia assim; ( Fica bem pregar a igualdade, mas a generalidade dos portugueses, são racistas. ) Dizia ainda JOSÉ  COSTA ; ( Deixemos-nos de "paninhos quentes" e simpáticas palavras. Fazia de seguida o referido Sr. a seguinte pergunta; ( Quantos gostariam de ter ciganos ou pessoas de raça negra como vizinhos? Finalmente acrescentava ainda, que um polícia não faz uma esquadra, como um negro não comporta um Bairro Social.
Sinceramente, devo dizer que, discordo desta opinião. Não são apenas negros ou ciganos que habitam os Bairros Sociais. Conheço muitos brancos que habitam nesses Bairros, sendo que, muitos há que esperam por um lugar e não o conseguem. Em minha opinião, não é justo apelidar os portugueses de racistas  e nem de preconceituosos.
Portugal, colonizou parte de África, como muita gente sabe. A dominação dessas Regiões que hoje são países, era feita na base económica e financeira, na cultura e não na cor da pele.
Basta dizer que, o comportamento dos portugueses em relação aos ingleses, franceses, holandeses e belgas, era abismal. Quando os portugueses descolonizaram África, deixaram obra feita ! Deixaram grandes cidades, bem ordenadas e bem estruturadas. Grandes pontes e rodovias e grandes barragens hidroeléctricas. Dou apenas como exemplo, a Barragem de Cahora Bassa, situada na zona da cidade de Tete, no rio Zambeze. Lembro apenas, que esta Barragem, é uma das maiores do Mundo. Outro exemplo é a ponte ferroviária com cerca de 6 km. que liga a Vila de Sena à Vila de Dona Ana, sobre o Rio Zambeze, com ligação ao Malawi. Ainda o caminho de ferro com centenas de kilómetros desde a cidade da Beira em Moçambique até à cidade de Tete .
Quando os ingleses descolonizaram de África, carregaram com tudo o que havia, para a Inglaterra. Até  os carris das linhas dos caminhos de ferro eles levaram.
Os portugueses deixaram em África, lindas cidades, bons hospitais, redes de transportes organizadas, aeroportos, escolas, universidades, bons hotéis, boas praias, sempre limpas e atractivas. Isto não quer de forma alguma significar, que não houvesse uma ou outra injustiça que era de imediato sanada. Já que não era de forma alguma essa a política do Estado Português.
A partir dos anos sessenta, as políticas do Estado Português, baseadas na Psico-Social, eram a exploração do homem pelo homem e essas políticas continuam nos dias de hoje, mas nunca baseada na cor da pele, na nacionalidade, nem do credo religioso. Estamos todos inseridos numa Sociedade capitalista, dita democrática, onde o dinheiro é realmente a força motriz. Este sistema Social, estando longe de ser o perfeito, cria bolsas de pobreza, os chamados guetos Sociais. Porém estas bolsas de pobreza, existem em todo o lado.
A força do grande capital, segrega naturalmente os mais desfavorecidos para as periferias das grandes Urbes. Isto leva as pessoas marginalizadas a pensar, que a segregação é baseada na cor da pele. Este fenómeno, acontece e é igual em todas as periferias das grandes cidades da Europa e do Mundo. No meu entendimento, é tudo uma questão de poder económico e pouco tem a ver com a cor da pele das pessoas.
Em boa verdade, o bastião do racismo e do preconceito, foi criado pelos ingleses e holandeses na África do Sul. Os "boeres" eram assumidamente racistas. Nelson Mandela, com a sua luta paciente e inteligente, libertou-nos desse monstro finalmente !
Lembro-me bem, desses tempos, em que na África do Sul, haviam locais para brancos e locais para negros, como por exemplo Restaurantes, Bares e" Hoteis". Lembro-me em que as Senhoras inglesas e de outras nacionalidades, entravam nos elevadores com os cachorros de estimação ao colo e onde se podiam ler os avisos de proibição aos negros. Isto era verdade, em toda a África do Sul e na chamada Rodésia do Norte, agora Zimbábue.
Na época a que me reporto, também na cidade da Beira em Moçambique, havia nos autocarros de transportes urbanos, uma divisória ao meio, onde os negros só se podiam sentar na retaguarda. Porem esse procedimento foi abolido. Essas práticas aconteciam, por influencia dos Sul Africanos e "Rodesianos," que frequentavam as praias Moçambicanas, na Orla marítima da Cidade da beira. Algum tempo mais tarde, o Estado Português acabou com este tipo de segregação por ser impróprio e desumano.
Na nossa Sociedade actual, não me parece que haja muitos comportamentos de racismo e de preconceito. É frequente o convívio harmonioso de pessoas de todos os pontos do globo, sejam elas brancas negras ou amarelas. Porém admito que aconteça um ou outro caso.
Os portugueses são pioneiros na abolição da pena de morte e em conjunto com os brasileiros, são também eles pioneiros na eliminação do racismo e do preconceito.
Vou terminar este artigo de opinião, dizendo apenas que, ( O racismo e o preconceito ) nunca serão eliminados com base em Decretos-Lei. Este fenómeno, tem de ser tratado nas escolas e no convívio das pessoas umas com as outras. Tenho dito,


Mata Mourisca, 05 de Março de 2019

                                                                                                       Mário de Oliveira

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