2/03/2021


                                               INICIO  DO  ANO  EM  PESADELO


Durante todo o ano de 2020, eu e muitos Portugueses, estivemos e ainda estamos sujeitos a esta terrível pandemia, a que deram o nome de CORONAVIRUS.

A disciplina no cumprimento do uso da máscara e a observância no distanciamento social, contribuíram para que eu não fosse parar ao Hospital. Na verdade, tal iria acontecer, nos dias um, dois e tres de Janeiro de 2021. Comecei por sentir dificuldades em respirar, sobretudo quando estava deitado. Porque vivo sozinho, procurava consolar-me a mim próprio, animando-me com a ideia de que, o que estava sentindo seria passageiro e com alguma sorte, sentir-me-ia melhor na manhã do dia seguinte. Sinceramente, eu já não sabia bem o que fazer. Colocava e tirava o termómetro da minha axila esquerda, mas não tinha febre. Estava cada vez mais ofegante, devido à dificuldade em respirar e entretanto passou-me pela cabeça a ideia, que podia estar a ser vítima de um AVC. De imediato resolvi tomar duas Aspirinas 100mg., na intenção de oxigenar o meu sangue e facilitar assim a tarefa do meu coração. No fundo, eu não queria era ir para o Hospital. Porém volvidos alguns minutos, o meu telemóvel tocou e eu atendi de imediato; Era a minha amiga Marília, que do outro lado me perguntava se estava tudo bem comigo. Obviamente que lhe respondi que, não me sentia bem. Ela de imediato me socorreu e me conduziu no seu veículo ao Hospital. Aquilo que eu tinha evitado durante meses e meses, iria finalmente acontecer, exactamente no primeiro dia do ano de 2021.

Fui então conduzido às Urgências do Hospital Santo André, e fácil é imaginar, como funcionam estes Serviços em tempos de pandemia. Fui atendido com profissionalismo, sendo objecto de vários exames médicos e analises, entre eles as zaragatoas para despiste do COVID 19. Fiquei sentado numa poltrona durante tres dias, recebendo soro fisiológico, ao qual adicionaram Anti-biótico e outra medicação adequada, para me regular a tensão arterial que estava muito alta.

Sinceramente, senti que ali era apenas mais um numero a somar aqueles que já lá estavam quando lá cheguei. Tal era a azafama de médicos e enfermeiros. Porque sofro de diabetes, comecei a sentir muita sede. Porem ninguém respondia aos meus apelos e solicitações. Cheguei mesmo a convencer-me que todos aqueles profissionais eram surdos e mudos. Não era o silencio que me incomodava, mas sim, a ausência de palavras ! Garanto que vivi todas aquelas horas sob uma pressão intensa, porque só me passava pela cabeça que podia estar infectado com o terrível vírus COVID 19.

Na segunda noite, resolvi contactar telefonicamente a minha amiga Marília, na tentativa de saber através dela, pelo exterior, aquilo que ninguém me dizia lá dentro daquele Hospital. Qual a minha situação clínica. A resposta não podia ser mais dúbia e aterradora; ( O Sr. Mário de Oliveira está na na zona COVID.)

Na manhã do dia tres de Janeiro, cerca das onze horas, a Enfermaria onde estávamos foi evacuada e fomos ocupar outra mais ampla e nova, mas reparei que no chão do corredor estava escrito em letras grandes e vermelhas a palavra COVID 19 a espaços de tres ou quatro metros. Ali senti medo e angústia julgando que todos estaríamos infectados. Naquela manhã do dia tres de Janeiro de 2021, terei sentido o que sentiram os Judeus, nas famigeradas marchas nos campos de concentração de Alchevite, quando eram conduzidos às camaras de gaz letal para posteriormente serem cremados nos fornos crematórios! Tudo isto devido à total ausência de informação. 

Finalmente no terceiro dia, uma médica entregou-me uma carta e uma receita para aquisição de medicamentos e os resultados das análises clínicas. Só então fiquei a saber que tinha uma infecção respiratória e não estava infectado com o famigerado vírus. Fiquei finalmente aliviado do terrível pesadelo Tenho dito,


Mata Mourisca, 04 de Fevereiro de 2021

O autor

Mário de Oliveira.


1 comentário:

  1. Deus é contigo, foi dias de muitas aflições,mais Deus ouviu a nossas orações

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